terça-feira, 12 de agosto de 2008

Silhueta Olímpica [Paul Goldberger para a Piauí]

[…]
Pequim, claro, tem outras prioridades. Apesar de toda a vistosa modernidade das obras, não há como deixar de perceber a tradicional abordagem monumentalista que está por trás delas. Esta é uma Olimpíada motivada pela imagem, e não por um planejamento urbano. É verdade que ocorreu uma necessária e bem executada expansão do sistema de metrô, mas a maior parte do impacto das Olimpíadas terá sido meramente cosmética – o plantio de árvores ao longo da via expressa que liga a cidade ao aeroporto, ou a limpeza de alguns dos caminhos que levam ao Parque Olímpico. Ao lado de um trecho de congestionadas vias expressas elevadas, foram construídos muros de pedra, como os que cercam os antigos hutongs de Pequim, ou bairros antigos. No entanto, não há muita coisa por trás deles: são pouco mais que uma fachada – hutongs cinematográficos destinados a camuflar o que está sendo demolido para a construção de arranha-céus. Na Pequim de hoje, o despejo forçado é comum, e centenas de milhares de pessoas foram removidas a fim de abrir espaço para os Jogos. O brilho do halo olímpico confere algum lustro superficial à expansão incessante da cidade, mas não toca nos problemas de planejamento mais profundos, como a superpopulação e a poluição do ar e da água.
[…]

Nenhum comentário: