sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Rochelle Costi na Casa da Imagem

Start:     Sep 22, '12 11:00a
End:     Nov 25, '12 5:00p
Location:     Rua Roberto Simonsen 136-B - São Paulo/SP
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Ao Viajante l Clínica Oculística

            “Demolição do prédio. Grande liquidação”, anunciam cartazes na fachada do edifício à direta do negativo de vidro na Travessa da Esperança; ao lado, na cidade em plena transformação, dois letreiros chamam a atenção: “Ao viajante” e “Clínica oculística”. Belas pistas para seguir atravessando o território proposto por Rochelle Costi na Casa da Imagem.
            Os negativos, fotografias de Aurélio Becherini [1], assim como as fichas de B. J. Duarte [2], aparecem fotografados dentro da área de estocagem e preservação. Cidade dentro de fichas, dentro de salas, como lugares inesperados vislumbrados na caixa-cápsula prenhe de tantos relatos. Sobreposições de tempos e espaços que encanta pelo ordinário da vida naquilo que ela pode trazer de extraordinário. Levam a uma espécie de suspensão típica de quando revisitamos, surpresos, paisagens esquecidas e, com alegria e certo susto, reconhecemos novas paisagens.
            No centro da sala, em certa “desordem”, encontram-se seis arquivos. Ao bordejá-los com atenção, descobrem-se inseridos, de modo improvável, olhos mágicos. O dispositivo ótico amplia e distorce a profundidade da gaveta reinventando sua escala. Transforma equipamentos de fotografia analógica, recolhidos no acervo do museu, em um distante e inesperado panorama animado.
            Com objetos que até pouco tempo faziam parte do cotidiano da prática fotográfica, esses velhos, agora novos, artefatos, criteriosamente construídos, sofisticadamente iluminados, surgem como paisagens mágicas: reais e ficcionais. Ocupam o centro da sala de modo aparentemente aleatório, em um estágio de suspensão em que as coisas, fora do lugar, anunciam sua potencial partida ou sua iminente chegada. E tudo a girar, a girar, a girar…
            Na fronteira entre memória e esquecimento, na forma engenhosa em que esquecer a literalidade do fato abre caminho para o novo e, ao mesmo tempo, lembrar nos permite não esquecer de nós mesmos, o passado, na obra de Rochelle Costi, parece ter esquecido que passou.

[1]Becherini foi um fotógrafo preocupado com tudo aquilo que estava em vias de desaparecer e, ao mesmo tempo, com as novidades que adentram o espaço urbano.” FERNANDES JÚNIOR, Rubens. Aurélio Becherini. São Paulo: Cosac Naify, 2007. Qualquer semelhança com Rochelle Costi não é mera coincidência! O primeiro negativo, Rua Marechal Deodoro, 1910; o segundo, Vale do Anhangabaú, 1912.
[2]Sobre o laborioso processo de catalogação na antiga seção de iconografia feito por B. J. Duarte, no qual esteve de 1934 a 1964, ver: DUARTE, B. J. Caçador de imagens. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

por Marta Bogéa
Arquiteta


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Tombo

˙ · A convite da Casa da Imagem, a artista Rochelle Costi exibe uma instalação com trabalhos inéditos realizados a partir de pesquisa com materiais do próprio arquivo da instituição, muitos dos quais estão no limiar na obsolescência ou mesmo em desuso. Seis arquivos suspensos de metal têm suas gavetas superiores convertidas em reduzidos espaços expositivos, que podem ser observados por um olho mágico, para a instalação de instrumentos e materiais ligados à acervos de fotografia analógica como carrosséis de slides, carretéis de filmes e espirais de revelação. Além dos arquivos, a artista exibe fotos das detalhadas fichas de catalogação do acervo da Casa da Imagem, produzidas por Benedito Junqueira Duarte a partir de 1938; uma câmera escura apontada para uma das vistas da sala, e uma ampliação em acrílico de 100×170cm de fotografia onde retrata o próprio espaço do arquivo.
Segundo Henrique Siqueira, Rochelle Costi “criou dispositivos para observar a transição da tecnologia fotográfica, articulando objetos que até uma década atrás pertenciam ao nosso dia-a-dia mas que, na atualidade, perderam seu uso e função na fotografia e estão sendo guardado nas prateleiras mais altas das instituições. Tombo:, o título da instalação, também remete ao recente inventário dos equipamentos analógicos elaborado pela Casa da Imagem e seu tombamento, e a retirada de circulação das fichas catalográficas em papel que, substituídas pelo banco de dados, estão sendo guardadas como objeto de acervo. Ao criar dispositivos óticos que focam estes objetos, Costi sugere ao observador um olhar mais crítico as iminências de desaparecimento.

Rochelle Costi (Caxias do Sul – RS, 1961)
Vive e trabalha em São Paulo. Fotógrafa e artista multímidia. Forma-se em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS, Porto Alegre, em 1981. Freqüenta ateliês de arte na Escola Guignard e um curso de extensão sobre processos fotográficos do século XIX na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG . De volta a Porto Alegre, faz instalações com fotografias e objetos que coleciona, tais como cinzeiros, malas, vidros e lâmpadas. Em 1983, realiza a mostra individual Tentativa de Vôo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli - Margs e, a partir de então, expõe em outros Estados do Brasil. Nessa época, atua como fotógrafa de teatro e música. Vive em Londres, entre 1991 e 1992, período em que estuda na Saint Martin School of Art [Escola de Arte San Martin] e na Camera Work. Participa da 24ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1998, e das 6ª e 7ª Bienais de Havana, em 1997 e 1999, entre outras mostras internacionais. Em 1997, recebe o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Fundação Nacional de Arte - Funarte e, três anos depois, a Bolsa de Artes da Fundação Vitae. Realizou exposições individuais em importantes espaços instituições como Museu de Arte do Rio Grande do Sul - Margs, Museu da Imagem e do Som - MIS SP, Instituto Tomie Ohtake, Centro Universitário Maria Antonia - Ceuma, CCBB São Paulo e Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, entre outros.

Instalação Tombo:
Abertura: 22 de setembro às 11h
Período expositivo: de 22 de setembro a 25 de novembro de 2012
Local: Casa da Imagem
Endereço: Rua Roberto Simonsen, 136-B – Centro - São Paulo- SP
Horários de funcionamento: de terça-feira a domingo, das 9 às 17 horas
Telefone: (11) 3106-5122
Entrada gratuita e livre para todos os públicos


Fontes: Rochelle Costi, e Décio Hernandez Di Giorgi (Adelante Comunicação Cultural)


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IMAGENS da EXPOSIÇÃO "Tombo:"
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