segunda-feira, 1 de outubro de 2012

'A Louca Debaixo do Branco' no MIS

Start:     Oct 2, '12 7:00p
End:     Nov 18, '12 8:30p
Location:     Av. Europa 158 - São Paulo/SP
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E se eu ficasse eterna?*

            A Louca Debaixo do Branco é um jogo entre espelhos. Trata-se de um autorretrato e de um trauma que se revela a partir de um personagem principal – a noiva – com seus signos, suas representações: o dia do casamento, determinadas histórias de amor, dor, vida e morte que surgiram do romance homônimo escrito por Fernanda Young, artista que também é roteirista e apresentadora de TV. Inteiramente concebida como um livro-instalação, seu tema central é interpretado a partir de ensaios fotográficos, iconografia selecionada na coleção do crítico e pesquisador Rubens Fernandes Junior, fotopintura, esculturas, textos, poemas, diários, vídeos e interação via internet entre o público e a autora. Portanto, trata-se de um livro aberto que poderá ser percorrido em diversos materiais. Inclusive esse material de que somos feitos todos nós: que nos faz acreditar em alguém num piscar de olhos e desacreditar para sempre nesse mesmo indivíduo alguns anos depois, debaixo do mesmo teto, entre a mesa da sala e o espelho do banheiro, entre a luz tênue do abajur e o sono inocente das crianças, entre a porta de entrada e a solidão escorrendo pelas paredes. Então, de que material vulnerável somos feitos todos nós? Assim sendo, temos um livro-instalação concebido por palavras que poderão se modificar a cada instante. Como uma fotografia para a qual olhamos mais de duas vezes.
            A partir da lembrança de sua participação como dama de honra no casamento de uma cabeleireira, quando jogou todo o estoque de pétalas de rosas antes que a noiva alcançasse o altar, a autora Fernanda Young trata essa ‘lesão por extensão’ com diversos olhares, investindo no amor como matéria-prima para a existência, desacreditando nesse mesmo amor que leva ao desamor e encarando a vida – que além de ser crua, poderá sangrar. E mesmo sangrando, ela continua acreditando no amor, nas artimanhas do discurso amoroso. É capaz até de fazer promessas, acender velas. Por isso ela mesma é o espelho de todo o processo expográfico em A Louca Debaixo do Branco. Vestida de noiva, seus retratos são autorretratos diante da sua dor, do seu prazer, do seu amor, do desamor, do desejo e do amor dos outros. Dessa ‘ideologia’ que faz toda noiva pensar que é única, para sempre: um trauma religioso, mais que uma tatuagem. Muito menos que uma verdade. Muito mais que uma mentira. Diante de si mesma, a autora é poeta e material de consumo. Lida com o seu passado e com as possibilidades e impossibilidades que apenas o tempo, que poderá ser afável e cruel, apenas ele, o tempo, será capaz de decidir. Por isso temos uma iconografia da representação diante da realidade de uma iconografia da vida real, registrada entre 1930 e 1970 (a coleção de Rubens Fernandes Junior). Diante das palavras impressas e de uma imagem idealizada, A Louca Debaixo do Branco poderá ser encontrada nas páginas de um romance. Cabe a ela, a louca – louca, eu? Não, loucas são as outras –, refletida no espelho, permanecer onde está ou enfrentar o despenhadeiro para chegar à página seguinte.


* Hilda Hilst. da morte. odes mínimas. São Paulo: Nankin/ Noroît, 1998. 135p.

por Diógenes Moura
Escritor e Curador de fotografia


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Fernanda Young lança no MIS exposição que investiga as manifestações amorosas
Escritora inaugura mostra A Louca Debaixo do Branco no dia 2 de outubro, às 19h. Concebida como um livro-instalação por Diógenes Moura, a exposição investiga a construção do mito amoroso através da personificação da noiva, figura central do novo romance homônimo da artista

˙ · A Louca Debaixo do Branco é o novo projeto da escritora, roteirista e apresentadora Fernanda Young, que poderá ser conferido pelo público, a partir do dia 2 de outubro, no Museu da Imagem do Som, instituição da Secretaria de Estado da Cultura. Concebida como um livro-instalação por Diógenes Moura, diretor artístico do projeto, A Louca Debaixo do Branco investiga a construção do mito amoroso através da personificação da noiva, figura central do novo romance homônimo escrito por Young – o décimo da sua carreia.
Resultado de quase dois anos de trabalho, a exposição usa a figura da noiva como objeto de investigação do amor, afinal, como define Fernanda: “só no amor somos iguais. Somos os mesmos quando amamos, quando somos abandonados, quando sofremos, quando desconfiamos que deixamos de amar”. Vestida de noiva, Fernanda Young mostra na exposição que suas imagens são verdadeiros autorretratos diante da sua dor, do seu amor, do desamor e do amor dos outros.
Nesta reflexão, ela mesma é o espelho de todo o processo expográfico, que conta com coleções particulares, textos, poemas, bordados, diários, vídeos e interação via internet entre o público e a autora. Além disso, o livro-instalação traz uma iconografia selecionada na coleção do crítico e pesquisador Rubens Fernandes Junior, imagens gentilmente cedidas pela Galeria FASS dos fotógrafos Jean Manzon e Martin Chambi e ensaios de fotógrafos como Bob Wolfenson, Hidelbrando de Castro, Daniel Klajmic, Ludovic Carème, Paulo Vainer, Henrique Gendre, entre outros. Além de quatro vídeos (dois da artista, um de Raquel Zimmermann e um de Cláudio Belizário) e um filme de Rodrigo Bernardo.
O livro-exposição evidencia ainda a relação de Fernanda com a moda. Embora não siga tendências, confessa amar vestido de noivas e para os ensaios fotográficos usou belas criações de Bibi Barcellos, Carolina Glidden Gannon, Emannuelle Junqueira, Monica Figueiredo, Rodrigo Rosner, Samuel Cirnansck e Solaine Piccoli.
O internauta que quiser interagir com a exposição poderá acessar o site e entrar no link “Louca e Louco Fórum” que dá acesso a três temáticas postadas pela artista. Dentro deste processo, a interação se transforma e um desenho gráfico que se modifica em tempo real, online e na exposição.

Sobre Fernanda Young
Começou sua carreira em 1995 como roteirista do programa televisivo A Comédia da Vida Privada, da Rede Globo. No ano seguinte, Fernanda lançou seu primeiro romance, Vergonha dos Pés. Em 2001, após o lançamento de seu quarto romance, O Efeito Urano, Fernanda retomou a carreira de roteirista de televisão, com Os Normais. Entre 2002 e 2003, Young co-apresentou, ao lado de Rita Lee, Mônica Waldvogel e Marisa Orth, o programa feminino Saia Justa no canal a cabo GNT. Em 2004, lançou uma coletânea poética, Dores do Amor Romântico. Por quatro anos, de 2006 a 2010, apresentou no canal GNT o programa Irritando Fernanda Young, de entrevistas com celebridades. Foi indicada ao Emmy Internacional, de melhor comédia, pelo seriado "Separação?!" (Rede Globo, 2010). É casada com o roteirista e escritor Alexandre Machado, com quem teve as gêmeas Cecília Madonna e Estela May. Tem dois filhos adotivos, Catarina Lakshimi, nascida em 10 de novembro de 2008, e John Gopala, nascido em 21 de julho de 2009.

LIVROS PUBLICADOS
2009 - O Pau - Ed. Rocco; 2007 - Tudo que Você Não Soube - Ed. Ediouro; 2005 - Melhores Momentos de Os Normais Ed. Objetiva; 2005 - Dores do Amor Romântico (poesias) - Ed. Ediouro; 2004 - Aritmética - Ed. Ediouro; 2001 - O Efeito Urano - Ed. Objetiva; 2000 - As Pessoas dos Livros - Ed. Objetiva; 1998 - Cartas para Alguém Bem Perto - Ed. Objetiva; 1997 - A Sombra das Vossas Asas - Ed. Objetiva; 1996 - Vergonha dos Pés - Ed. Ediouro;
Como atriz e apresentadora: 2012- Confissões do Apocalipse (no ar) – GNT; 2011 - Duas Histéricas (como apresentadora) – GNT; 2006 a 2010 - Irritando Fernanda Young (como apresentadora)- GNT; 2002 a 2003 - Saia Justa (como apresentadora) - Canal GNT; 1991 - O dono do mundo.- Jurema (como atriz) - Rede Globo; 1989 - Iaiá Garcia - minissérie - Rede Globo.
TRABALHOS COMO ROTEIRISTA
2011 - Macho Man (seriado); 2010 - Separação?! (seriado); 2008 - Nada Fofa (especial de fim de ano); 2007 - O Sistema (seriado); 2006 - Minha nada mole vida (seriado); 2005 - Super Sincero (quadro do Fantástico); 2004 - Os Aspones (seriado); 2001 a 2003 - Os Normais (seriado); 1995 - A comédia da vida privada.
CINEMA (como roteirista): 2009 - Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas; 2006 - Muito Gelo e Dois Dedos d'Água; 2003 - Os Normais - O Filme; 2000 - Bossa Nova (filme).
TEATRO (como autora e atriz): 2009 - A Ideia (monólogo);
Como autora: 2008 - Vergonha dos Pés


FICHA TÉCNICA
Direção artística: Diógenes Moura
Projeto expográfico, de comunicação visual e dos materiais de comunicação da mostra: Julien Sappa – Trafik
Projeto gráfico do livro: Edu Hirama
Editora do livro: Rocco Editora
Produção gráfica: Jairo da Rocha - Finale
Realização: Luciana Meili – GIRO
Fotos de coleções particulares: acervo família Andrade, coleção particular Rubens Fernandes Jr., Jean Manzon, Martin Chambi.
Artistas plásticos: Barbara Chiré, Beto Carrazone, César Trinca, Hildebrando de Castro, Mestre Julio Santos, Ricardo Goldammer.
FOTÓGRAFOS DE ENSAIOS FOTOGRÁFICOS COM FERNANDA YOUNG
Bob Wolfenson, Claudio Belizario, Daniel Klajmic, Debby Gram, Estela May, Giovanna Cassis, Gustavo Zylbersztajn, Henrique Gendre, Jairo Goldflus, Luanna Jimenes, Ludovic Carème, Marcio Simnch, Paulo Ferreira, Paulo Vainer, Pedro Molinos, Sergio Menezes.
Audiovisuais: Rodrigo Bernardo / "A História da Noiva Fantasma" - fotografia de Athanasios Kalogiannis; Claudio Belizário / “Vestir o Desejo do Outro Despir”; Raquel Zimmerman / "A Noiva do Farol"; Fernanda Young em produção caseira / "Noiva Vestida"; Fernanda Young em produção caseira / "Noiva Nua" (este último com trilha sonora original de Pitty).

A LOUCA DEBAIXO DO BRANCO
Museu da Imagem e do Som
Av. Europa 158 - São Paulo/SP
Abertura: 02/10, às 19h
Visitação: de 03/10 a 18/11/2012
Horário: Terça e quarta, das 12h às 21h, quinta e sexta das 12h às 20h, sábado das 11h às 20h, e domingo das 11h às 19h.
Local: Espaço expositivo do primeiro andar
Ingresso: R$ 4 (inteira) R$ 2 (meia) à venda na Recepção MIS (terças a sextas, das 12h às 21h30, sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h30)
Classificação indicativa: Livre


Fonte: Clarissa Janini (MIS)


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IMAGENS da EXPOSIÇÃO "A Louca Debaixo do Branco"
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